Nem tudo é Surf,
mas tudo é como o surf!Há dois anos que não surfava... Ontem fiz-me ao mar... Doeu-me o joelho, temi pelo ouvido, mas todas as lesões do mundo seriam insuficientes para evitar aquele "feeling"...
Pensei que não ia conseguir passar a rebentação, mas nunca a passei tão depressa... Pensei que não me ia conseguir sentar, mas nunca me senti tão estável...
O que me esqueci foi da paz interior necessária para apanhar uma onda... E a sede acumulada ao longo de dois anos apoderou-se de mim, levando-me para a boca de um duplo buraco de água absolutamente não surfável!
Desiquilibrei-me num takeoff impossível, aterrei violentamente com os joelhos na prancha de surf e a dor dilarecerou-me a ciática com uma caracteristica dor aguda no cu! Levei um grande caldo, rolei com a onda, doeu-me novamente o joelho e pensei novamente no ouvido... Mas sorri! A areia arrastada pela onda picava-me a face e entranhava-se nos meus dentes, mas eu sorri! O frio da água causou dores na cartilagem dos ouvidos mas sorri! Tinha água a circular no meu cérebro e sorri, de forma sincera e masoquista!
Sorri, saí da água e voltei a entrar mais à frente... Remei, remei, remei... E neste exacto momento sinto dores nos musculos que me levam a querer que continuo a remar, apesar de os restantes sentidos e a própria razão me dizerem o contrário!
Nem tudo é Surf, mas esperemos que tudo aquilo de que realmente gostamos seja como o surf, ou seja, que o tempo de inércia não transforme tudo o que existiu num mero músculo mirrado, mas numa bomba relógio de boa energia que acumulou durante todo o seu período de estagnação!
Às Old Afternoons e À Futura Meca...
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